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> Outras vozes: "Espanha é um fantasma português", por Miguel Vale de Almeida <
Lúcido, ousado, irónico, comprometido, contundente. Así é Miguel Vale de Almeida, o responsável dunha das melhores páxinas ao sur do Minho, os tempos que correm. Faleilhes del hai un par de meses por mor dun sensacional manifesto que fixen proprio en canto o lin. Miguel non pretende ser cómodo e fácil; apela constantemente á nosa intelixencia e á nosa conciencia crítica, que poden sentirse sacudidas e mesmo iluminadas polo seu discurso ben construído e valente. Sigo agardando que a minha livraría favorita me consiga algún dos livros que o Miguel ten editados, e que imaxino tan apaixoantes coma todo o que escreve no seu blog. Disfruten do brilhante texto que preparou para estes días estranhos que en ocasións coma a de hoxe experimentan un indisimulado orgulho.
Espanha é um fantasma português
Gostaria imenso que houvesse um/a antropólog@ de Espanha que se propusesse estudar "o problema espanhol" em Portugal. É um caso fascinante de "identidade fantasmagórica". Desde os bancos da escola - e desde há muito tempo - os portugueses são ensinados a imaginarem-se como o resultado de uma luta constante pela independência face a um vizinho gigante. Imaginam-se também como pertencendo a uma cultura fundamentalmente diferente da espanhola - uma noção que é reproduzida pelo facto de a língua castelhana praticamente não ser ensinada na escola e pelo facto de a língua portuguesa se ter sistemática e propositadamente afastado da castelhana (quando há duas maneiras de dizer uma coisa, escolhe-se oficialmente a mais distante do castelhano...). Os portugueses são, além disto, ignorantes em relação a dois factos: a enorme partilha com as Espanhas, do ponto de vista linguístico e cultural, até depois de 1640; e a diversidade interna da Espanha. É claro que as ditaduras foram responsáveis pela concretização do "costas voltadas". Mas hoje, em democracia e na UE, os fluxos aumentaram e a integração está a dar-se. Só que, como ela é feita pela locomotiva da economia, logo apareceram os populismos de senso comum sobre "a conquista espanhola". Resultados concretos e vividos disto? É curioso o número crescente de alunos meus (que são trabalhadores-estudantes) que justificam os atrasos nas entregas de trabalhos ou do pouco investimento nos mesmos com a desculpa de que trabalham para empresas/patrões espanhóis - como se estes fossem uma espécie de capatazes capitalistas que, com a sua energia conquistadora cristocêntrica, vieram retirar os portugueses do seu doce e mariânico remanso (para usar um dos estereótipos da dicotomia dos carácteres nacionais português e espanhol...). Espanha é um fantasma português. E os fantasmas têm a incrível capacidade de se reproduzir e assumir novas formas infinitamente.
Tirem "portugal" e "portugueses" do texto e ponham no seu lugar "catalunha" e "catalães" (ou "galiza" e "galegos"). É incrível, não? O texto continua mesmo a ter sentido... Muito interessante, Pawley.
Pois é moi instructivo o punto de vista do Sr. Vale de Almeida.
Últimamente oio, de boca dalgún portugués preocupado, que anda o seu país nunha especie de crise de identidade (disque a causa do proceso de unioneuropeización). Plásmase, polo visto, nunha falta de "investimento" (por retomar as atinadas palabras do Sr. Vale de Almeida) na vida laboral, e nunha preocupante presencia da corrupción na vida política.
Se cadra, alguén podería opinar sobre a cuestión (o proprio Sr. Vale de Almeida, por exemplo), ou desmentila, que case me tranquilizaría máis.
Por certo. O dos empresarios españois represantos como capitalistas cristocéntricos non é unha excusa para a preguiza... ¡é rigorosamente certo!
;-)
Sr. Vale de Almeida, acaba de entrar você na miña lista de visitas matutinas.
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