Escoitar a Caetano é camiñar sobre a area ao solpor cos pés mollados pola auga do mar. A súa voz é cálida e sedosa, sedutora e elegante, tan fermosa coma ver descer unha barca por un río. Onte oín cantar a Caetano en Vigo ao tempo que procuraba no ceo constelacións que asomaban entre as nubes. O carro da Osa Maior conducíanos á Estrela Polar, e de alí a Cassiopea, e mentres tanto soaba, poderosa, Sampa. Arcturus, no Boieiro, exhibia o seu brillo presuntuoso ao tempo que eu tarareaba O leãozinho. Alí estivo, Caetano mais um violão, e o tempo deixou de ser algo relevante.
E a nosa lingua, que non sabe de fronteiras:
Terra
Quando eu me encontrava preso nas celas de uma cadeia
Foi que eu vi pela primeira vez as tais fotografias
Em que apareces inteira, porém lá não estavas nua, e sim coberta de nuvens
Terra, terra, por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria
Ninguém supõe a morena dentro da estrela azulada
Na vertigem do cinema, manda um abraço pra ti, pequenina
Como se eu fosse o saudoso poeta e fosses a Paraíba
Terra, terra, por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria
Eu estou apaixonado por uma menina terra
Signo de elemento terra, do mar se diz terra à vista
Terra, para o pé firmeza, terra, para a mão carícia
Outros astros lhe são guia
Terra, terra, por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria
Eu sou um leão de fogo, sem ti me consumiria
A mim mesmo eternamente e de nada valeria
Acontecer de eu ser gente, e gente é outra alegria, diferente das estrelas
Terra, terra, por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria
De onde nem tempo nem espaço que a força mande coragem
Pra gente te dar carinho durante toda a viagem
Que realizas no nada através do qual carregas o nome da tua carne
Terra, terra, por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria
Nas sacadas dos sobrados da velha São Salvador
Há lembranças de donzelas do tempo do Imperador
Tudo, tudo na Bahia faz a gente querer bem, a Bahia tem um jeito
Terra, terra, por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria
¶
Todo dia é o mesmo dia,
a vida é tão tacanha
nada novo sob o sol
tem que se esconder no escuro
quem na luz se banha
por debaixo do lençol
Nessa terra a dor é grande
e a ambição pequena
Carnaval e futebol
quem não finge,
quem não mente,
quem mais goza e pena
é que serve de farol
Existe alguém en nós
en muitos dentre nós
esse alguém
que brilha mais do que milhões de Sóis
e que a escuridão
conhece também
Existe alguém aqui
fundo no fundo de você, de mim
que grita para quem quiser ouvir
quando canta assim
Eta,
eta, eta, eta
é a lúa, é o sol,
é a luz da Tieta, eta, eta!
Toda noite é a mesma noite,
a vida é tão estreita
nada de novo ao luar
todo mundo quer saber
com quem você se deita
nada pode prosperar.
É domingo, é fevereiro,
é sete de setembro,
futebol e carnaval.
Nada muda, é tudo escuro
até onde eu me lembro
uma dor que é sempre igual.
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